Elói Teles de Morais: 25 anos de saudade de um mestre da cultura caririense

 



 Por: Leopoldo Martins Filho

Advogado

Membro Efetivo da Comissão Eleitoral da OAB/CE

Há exatos vinte e cinco anos, o Cariri perdeu uma das vozes mais autênticas da sua história: Elói Teles de Morais. Nascido no Crato, em 19 de abril de 1936, e falecido em 9 de outubro de 2000, Elói foi mais que um homem de múltiplas profissões — radialista, escritor, advogado, jornalista e folclorista — foi um verdadeiro embaixador da alma sertaneja, alguém que fez do microfone e do verso um instrumento de resistência e preservação da cultura popular.

Por mais de três décadas, Elói Teles comandou o programa “Coisas do Meu Sertão”, primeiro na Rádio Araripe e, depois, na Rádio Educadora do Cariri. Sua voz firme e ao mesmo tempo doce embalava o amanhecer e o entardecer dos caririenses, declamando poesias matutas e enaltecendo o que muitos chamam de “simples”, mas que ele elevava à condição de arte: a sabedoria do homem do campo, as festas populares, o som das bandas cabaçais e o brilho dos reisados.

Formado em Direito e funcionário do Ministério da Agricultura, Elói jamais se deixou engessar pelos títulos. Era, acima de tudo, um homem do povo, capaz de transitar entre o mundo acadêmico e a cultura de raiz com a naturalidade de quem reconhece que o saber não tem fronteiras. Seu legado como folclorista é imensurável. Foi fundador e primeiro presidente da Academia de Cordelistas do Crato, onde incentivou gerações de poetas e brincantes a perpetuar a arte popular nordestina.

Entre suas obras, destacam-se Acorda Meu Crato, A Lagoa Encantada, Don Giovani, Terra Ardente e a série A História do Crato em Versos, volumes 3, 4, 5 e 6. Nelas, Elói entrelaça o lirismo com a memória histórica, criando uma ponte entre o passado e o presente, entre o chão batido e a erudição literária.

Sua morte, em 2000, deixou um vácuo na cultura do Cariri, mas também uma herança simbólica e viva. No Crato, uma creche recebeu o nome de Espaço Comunitário Elói Teles de Morais, perpetuando o afeto e a admiração que o povo nutre por ele. Já os mestres e

 brincantes criaram a Fundação do Folclore Mestre Elói, guardiã do seu espírito e promotora das manifestações populares que ele tanto defendeu.

Passados vinte e cinco anos de sua partida, Elói Teles continua ecoando nas vozes dos cordelistas, nas rimas dos repentistas e no som dos pifes que ainda cruzam o vale do Cariri. Sua trajetória é uma lição de amor à terra, ao povo e à cultura. Relembrá-lo é reafirmar a força do sertão — um território onde o verbo e o batuque são sementes que nunca morrem.

Postar um comentário

0 Comentários