Black Friday deverá ser mais forte em supermercados

 Saem os smartphones, entram os supermercados. Diante da crise econômica que o Brasil atravessa, economistas avaliam que a Black Friday de 2021 deverá ser marcada pela compra de itens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de limpeza e higiene pessoal.

A situação é diferente do que ocorreu em anos anteriores, quando os consumidores aproveitavam a data para comprar itens mais caros, especialmente os importados, como celulares e eletrônicos em geral.
A economista Cristina Helena Pinto de Mello, professora da PUC-SP, explica que a inflação -que está em 10,25% no acumulado de 12 meses- é um dos fatores que podem fazer com que a Black Friday deste ano seja menos atrativa, já que reduz o poder de compra da população. A falta de perspectiva de melhora da economia e a incerteza também devem provocar uma contração nos gastos, afirma.

Foto: Reprodução / Pexels


“Esse cenário atual me faz pensar que as pessoas tendem a comprar mais o essencial. Hoje vendem até detergente na Black Friday.” Na opinião dela, essa busca pelos produtos de primeira necessidade pode ajudar a fazer com que o comércio tenha resultados próximos aos registrados no ano passado.
“Não vai ser a Black Friday do smartphone, como já vimos em outros anos. Mesmo que os comerciantes tirem ou mesmo reduzam as margens de lucro, o custo do produto em si está muito alto”, avalia a economista Juliana Inhasz, professora do Insper. A alta do dólar é outro fator que deve fazer com que a procura por eletrônicos diminua.
Apesar do cenário ruim da economia brasileira neste ano, Juliana acredita que as vendas do comércio na Black Friday de 2021 sejam um pouco melhores do que as de 2020. “A situação frente ao ano passado é melhor porque as pessoas estão precisando comprar mais coisas. Muita gente estava em casa e não estava comprando”, opina.
Por outro lado, a professora do Insper avalia que o desempenho do comércio neste ano deverá ser um pouco inferior ao de 2019, quando o país ainda não vivia a pandemia e, portanto, não havia restrições no comércio.
Já o economista Josilmar Cordenonssi, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, avalia uma tendência de que o setor de serviços tenha resultados melhores do que os do comércio na edição deste ano.
“Até o ano passado, quando as pessoas estavam mais fechadas em casa, quem tinha renda canalizou os gastos mais para produtos, fazendo compras no comércio eletrônico. Agora, com a reabertura, acho que vão começar a gastar mais com serviços, eventualmente com viagens e ida a restaurantes. Então, o gasto com produtos em si pode diminuir um pouco em relação a serviços”, diz Cordenonssi.


O QUE DIZEM AS ASSOCIAÇÕES
O assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) Altamiro Carvalho avalia que os números da Black Friday de 2021 serão melhores do que os do ano passado.
Na avaliação dele, a economia já deu sinais de recuperação em relação ao ano passado. “Não podemos deixar de levar em conta eventualidades como incertezas políticas, inflação, desemprego, uma série de outras coisas. O que temos é uma leve tendência de que os números desse terceiro quadrimestre, incluindo Black Friday e Natal, sejam superiores a 2020”, diz.
O economista Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, estima um aumento real (descontada a inflação) entre 5% e 6% no faturamento do comércio na capital paulista na Black Friday deste ano na comparação com 2019.
Solimeo concorda com a tese de que a venda de itens essenciais pode ajudar a melhorar o desempenho do setor neste ano. “A Black Friday está se generalizando e pegando não só supermercado, mas inclusive farmácias. Isso pode ajudar a aumentar o volume das vendas.”

Fonte: Folhapress

Postar um comentário

0 Comentários