Saiba quem é Reverendo Amilton Gomes, que depõe nesta terça na CPI da Covid.

 



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid retoma os trabalhos nesta terça-feira, 3, com o depoimento do Reverendo Amilton Gomes de Paula. Ele é apontado como uma ponte que facilitou o contato de representantes da empresa Davati Medical Supply - que ofereceu 400 milhões doses da vacina AstraZeneca sem o conhecimento da fabricante - com membros do alto escalão do Ministério da Saúde.

Amilton Gomes é fundador da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) e foi citado durante o depoimento do representante nacional da Davati, Cristiano Alberto Carneiro, no último dia 15 de julho. Segundo Cristiano, o Reverendo foi quem encaminhou o policial militar Luiz Paulo Dominguetti (que denunciou pedido de propina durante as tratativas) para negociação com o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias.

Gomes se defende afirmando que seu papel na transação se deu por questões humanitárias. Ele conta que foi atraído a fazer a articulação após receber uma oferta de doações do presidente da Davati, Herman Cárdenas, que seriam destinadas à entidade. Segundo relata, não foram discutidos valores.

No site da ONG, uma nota de esclarecimento pública diz que Gomes é “um religioso que tem várias parcerias com entidades intergovernamental e não-governamental, tanto a nível nacional, como internacional”.

O trecho tenta dar luz a série de questionamentos que se intensificaram após a declaração de Cristiano Carneiro à CPI. O papel do Reverendo na negociação de vacinas, no entanto, já vinha intrigando a comissão, que votou a sua convocação no dia 7 de julho. Seu depoimento estava inicialmente marcado para o dia 14 de julho, mas precisou ser adiado por questões de saúde.

 O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AM), autor do requerimento que mirou o religioso, lembrou que o caso veio à tona no início de julho, quando o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou e-mails em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o Reverendo a comprar, por meio da ONG, as 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca que estavam sendo oferecidas.

Fotos publicadas em suas redes sociais no dia 4 de março de 2021 mostram que Gomes esteve no Ministério da Saúde. Na postagem, ele afirma que se reuniu com representantes da pasta “para articulação mundial em busca de vacinas”. Também estava presente na ocasião o cabo da PM Luiz Paulo Dominguetti.

No curso das investigações da CPI uma apuração da Agência Pública demonstrou que a organização também articulou a oferta de imunizantes da AstraZeneca e da Johnson para prefeituras e governos estaduais junto à Davati.

A reportagem teve acesso à carta da Senah encaminhada aos prefeitos e governadores, na qual a entidade oferecia doses no valor de US$ 11 a unidade, com prazo de entrega em até 25 dias. O valor seria três vezes maior que o fechado pelo Governo Federal para a mesma vacina da AstraZeneca, produzida junto à Fiocruz. Segundo o portal, a proposta foi endereçada a diversas prefeituras da região Sul do País.

A nota publicada na página da Senah esclarece ainda que a entidade atuou junto ao Governo Federal visando "unicamente" facilitar a compra de vacinas. O documento nega a participação da ONG no suposto esquema fraudulento na negociação dos imunizantes. “Ressaltamos que nossa atuação prendeu-se à apresentação de uma empresa através de uma pessoa que se dizia representante legal e que no momento oportuno apresentaria toda a documentação exigida”, concluiu.


                                            O povo 

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