Tasso responsabiliza o ex-ministro Pazuello por dois dos grandes problemas brasileiros atualmente.

 


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General Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e atual Secretário Especial de Estudos Estratégicos da Presidência da República. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.



O senador Tasso Jereissati (PSDB), no jornal O Globo, edição desta segunda-feira (07), externa sua preocupação com a realidade nacional quanto à pandemia e a ameaça de quebra da disciplina no Exército. “E eu acho que o ministro Pazuello tem sido protagonista de duas crises que eu não esperava viver na minha vida: a primeira, sanitária; essa crise de mortes, casos e perdas que o Brasil sofre, o Brasil todo dia de luto. E uma que eu não esperava ver mais, que é uma crise militar; pensei que já tinha acabado na história. E o Pazuello tem sido protagonista dessas duas coisas. Para o Brasil, a melhor coisa hoje era que ele saísse de cena“.

“Os militares, de qualquer patente, como acontece com os magistrados, no início ou no fim da carreira, deveriam ser impedidos, enquanto na ativa, de assumirem qualquer cargo público fora da sua corporação, exatamente para evitar constrangimentos pessoais e às instituições a que são vinculados. O então juiz federal Sergio Moro fez isso. No Governo do presidente Collor, tivemos o caso do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Francisco Rezec”. Esta manifestação foi registrada, neste espaço, no segundo fim de semana do mês de maio passado.

No último fim de semana, em praticamente todos os veículos de comunicação do País, foi destaque a decisão do comandante do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello por suposta infringência às normas disciplinares daquela corporação. Ele havia participado de um evento público, considerado de cunho político, promovido pelo presidente Bolsonaro. Como vários outros brasileiros, Tasso considerou a decisão do comandante do Exército, equivocada. Ele esperava uma “manifestação muito clara do alto comando do Exército, e isso não aconteceu, isso nos deixa muito preocupados”.

Em 2020, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB), tentou conseguir as 171 assinaturas (só chegou a 80) necessárias à apresentação de uma proposta de emenda à Constituição impedindo que militares, em atividade, assumam cargo nos governos federal, estaduais e municipais. Tasso faz ressalvas ao projeto quando advoga a necessidade de a matéria ter o aval das próprias Forças Armadas e de oficiais superiores da reserva. É uma posição prudente, mas a competência do Congresso Nacional é inquestionável para a adoção de tal providência.

Ora, separar a atividade política da militar, ou vice-versa, deveria ter ficado explicitado no texto constitucional lá na Constituinte de 1988. Impedir que militar da ativa exerça cargo civil não agride aos militares e policiais. Se assim fosse, o Judiciário que é um Poder, estaria agredido quando qualquer dos seus integrantes, no exercício da magistratura, são impedidos de ter cargo no Executivo. Idem, em relação aos integrantes do Ministério Público. Mas, infelizmente, muitos outros congressistas pensam como o senador Jereissati, e tudo vai ficar como está, aguardando um outro e desnecessário constrangimento.

Pazuello, tudo indica, voltará a depor na CPI do Senado. Ele, embora o desgaste político seja do presidente Bolsonaro, é o principal investigado pelos senadores pela considerada desastrada gestão no Ministério da Saúde, tendo em vista a grande quantidade de brasileiros mortos pela pandemia. No primeiro depoimento, coberto por uma decisão judicial que o impedia de ser preso no caso de falso testemunho, chegou a ser acusado de mentir em diversas oportunidades.

Na próxima, indubitavelmente, ouvirá outras tantas acusações de estar mentindo, uma pecha que além de alargar o constrangimento gerado para a sua instituição de origem, requer, no campo pessoal, uma veemente contestação para que possa continuar merecendo o respeito da sociedade, de colegas e de subordinados. E isso só ocorre por ter ocupado, exibindo a patente militar, uma função pública da competência de um cidadão civil, cujo desgaste ao ser chamado de mentiroso só ele e a família seriam atingidos. Por tudo isso é que o militar, em atividade, não deve ter função pública fora dos quartéis.

                            ( Blog do Edison Silva) 

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