Esquerda é vista como fiel da balança na disputa pelo comando da Câmara Federal

 

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(crédito: Najara Araujo/Camara dos Deputados)

Partidos de esquerda começaram a ser procurados pelos dois principais grupos políticos que vão concorrer à Presidência da Câmara, em fevereiro. Com 132 votos, de um total de 513 deputados, PT, PSB, PDT, PCdoB e PSol são considerados o fiel da balança na disputa. O comandante da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), iniciou conversas com representantes dessas legendas, com o objetivo de construir uma ampla frente partidária capaz de derrotar o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato preferencial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).


Maia reuniu-se, na noite de terça-feira, com líderes da oposição, acompanhado do prefeito de Salvador, ACM Neto, que é presidente nacional do DEM. Participaram do encontro o líder do PT na Câmara, Ênio Verri (PR), e outros dois deputados do partido, José Guimarães (CE) e Carlos Zarattini (SP). Também estavam presentes os deputados Marcelo Freixo (PSol-RJ); Perpétua Almeida (PCdoB-AC); Alessandro Molon (PSB-RJ), líder do partido na Câmara; Wolney Queiroz (PE), que lidera o PDT na Casa; e André Figueiredo (PDT-CE).

O Correio apurou que, na reunião, após Maia reafirmar que não tentará a reeleição, ACM Neto explicou aos interlocutores que a prioridade do DEM é apoiar a recondução do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Já na Câmara, o nome preferido de Maia para sucedê-lo é o do deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

As articulações de Maia junto aos partidos de oposição buscam fortalecer uma frente partidária que já conta com DEM, PSDB, MDB e Republicanos. Além de Baleia Rossi, outro nome cogitado pela frente para concorrer à eleição é o do deputado Marcos Pereira (PE), presidente do Republicanos.

Para a oposição, estarão em jogo, na sucessão à Presidência da Câmara, a defesa de suas bandeiras e, ao mesmo tempo, a possibilidade de os partidos ocuparem comissões importantes na Casa. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que a sigla vai conversar, também, com Arthur Lira, candidato de Bolsonaro. Segundo o parlamentar, um apoio petista ao líder do Centrão é “muito difícil de acontecer”, mas ele também será ouvido.


“Vamos conversar com todos. A primeira coisa é que a gente é contra a reeleição para a Presidência da Câmara, a não ser que haja alguma alteração na Constituição. Em segundo lugar, a gente vai ter algumas questões políticas para colocar para os candidatos, e vamos avaliar o posicionamento deles, para ver qual é o mais próximo daquilo que a gente imagina que seja importante para o país neste momento. Avaliar qual deles se aproxima mais do nosso ponto de vista”, frisou Zarattini.

Pautas

O parlamentar afirmou que nessas conversas são fundamentais temas como as reformas tributária e administrativa, a autonomia do Banco Central, as privatizações e o respeito às liberdades democráticas. “São questões, para nós, importantes nessa conjuntura. A gente quer, por exemplo, que entre na reforma tributária a tributação de lucros e dividendos, a tributação das heranças, enfim, uma tributação mais progressiva”, ressaltou. “Quanto à reforma administrativa, é sabido que somos contra essa proposta. Nós queremos adiar essa questão ou, pelo menos, ampliar essa discussão.”

Saiba mais

Julgamento, amanhã, no STF

Na terça-feira, líderes do Centrão lançaram uma ofensiva para barrar a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) abrir caminho para a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Presidência da Câmara e Davi Alcolumbre (DEM-AP) ao comando do Senado. Um documento preparado pela cúpula do Progressistas, partido de um dos pré-candidatos à eleição da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem o aval de 10 partidos. A carta chama qualquer iniciativa nesse sentido de “coronelismo parlamentar”. O STF começará a julgar, amanhã, a ação impetrada pelo PTB pedindo que a Corte impeça a reeleição de Maia e de Alcolumbre. Além disso, a sigla presidida por Roberto Jefferson e o Progressistas querem que o julgamento seja retirado do plenário virtual, já que, ali, os ministros ficam longe dos holofotes e não sofrem pressão da opinião pública. “O sistema democrático e representativo brasileiro não comporta a ditadura ou o coronelismo parlamentar”, diz um trecho da carta, assinada por Progressistas, PL, PSD, Avante, Patriota, Solidariedade, PSC, PSB, Rede e Cidadania. No Senado, Alcolumbre trabalha abertamente por um novo mandato à frente da Casa, com respaldo do Palácio do Planalto.

Correio Braziliense 

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