Comércio ilegal de fósseis preocupa estudiosos do Cariri

 


Fechamento do escritório de fiscalização em Crato, no ano de 2018, tornou região “Uma terra sem lei”
Tráfico persiste mesmo com ações conjuntas do Geopark, da Urca e do Museu de Paleontologia. Foto: Arquivo/JC
 

A primeira citação que se tem registro sobre o contrabando de fósseis do Cariri cearense remonta ao ano de 1800. Na época, o naturalista João da Silva Feijó, em suas andanças pela região à procura de areia, disse em carta enviada a Portugal que havia encontrado um tecido mole preservado e que iria levá-lo. É o que conta o paleontólogo Álamo Saraiva, que integra a curadoria do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, e o Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca).

De lá para cá, a retirada desses fósseis no entorno dos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri só aumentou, assim como a preocupação da comunidade científica que estuda a área. Após o fechamento do escritório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Crato, no ano de 2018, o lugar se tornou “Uma terra sem lei”, como declara o professor Álamo, que observa a região há mais de 30 anos. O órgão era responsável por fiscalizar empresas de mineração e atividades ilegais envolvendo comercialização de fósseis.

Após a Medida Provisória 791, o Governo Federal criou a Agência Nacional de Mineração (ANM), substituindo o DNPM e realocando o escritório da Agência Nacional de Mineração para Fortaleza. Com isso, o sinal verde foi aceso para as práticas ilegais. Álamo não entende a intenção do Governo Federal de colocar um órgão tão importante a 500 km de distância das maiores fontes de extração do estado, o Cariri. Para ele, é o mesmo que dizer “Eu vou fechar os olhos e quem quiser a boiada passe agora”, disse o pesquisador. 


JC 

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