Igreja católica pede urgência no combate de queimadas no Pantanal

 Os Bispos dos Regionais Oeste 1 e 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiram uma carta aberta sobre as queimadas no Pantanal."A Igreja se une num forte grito pela defesa, promoção e cuidado com a Vida, em todas as suas formas e expressões. É preciso conter e apagar o fogo que vai avançando com poder destruidor, e assim salvar o Pantanal", pedem os bispos dos dois regionais que abrangem os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.


20200924064140Nos últimos dias, o Pantanal tem sofrido a pior queimada desde 1998, quando teve início o monitoramento, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram 6.048 pontos de queimadas registrados no bioma desde o dia 1º de setembro até quarta-feira (23.set), o dado mais recente. O recorde mensal anterior era de agosto de 2005, quando houve 5.993 focos de incêndio no bioma

"Lamentamos, ao mesmo tempo, o desmonte das instâncias de fiscalização e punição e denunciamos as providências insuficientes e tardias que favorecem este incêndio sem controle e que está queimando tudo e matando a Vida", afirmam. Além disso, os Bispos reivindicam "que as autoridades se empenhem e se mobilizem com a máxima urgência e que seja feita uma investigação séria, responsabilizando e punindo os possíveis culpados com a reparação justa e necessária pelos danos causados".

Leia a carta na íntegra

CARTA ABERTA
"A Criação geme e sofre dores de parto" (Rm 8,22)
Os Regionais Oeste 1 e Oeste 2 da CNBB, especialmente através de suas Dioceses pantaneiras: Diocese de Corumbá/MS, Diocese de Jardim/MS, Diocese de Coxim/MS, Diocese de São Luiz de Cáceres/MT e Diocese de Rondonópolis/Guiratinga/MT, registram profunda preocupação com as terríveis queimadas no Pantanal.

Manifestamos nossa solidariedade e compromisso com todos que estão sensibilizados e envolvidos com a causa ambiental: militares, bombeiros, brigadistas, servidores e voluntários, bem como os irmãos e irmãs ribeirinhos, pantaneiros e indígenas, que dependem diretamente deste bioma para sua sobrevivência. Lamentamos, ao mesmo tempo, o desmonte das instâncias de fiscalização e punição e denunciamos as providências insuficientes e tardias que favorecem este incêndio sem controle e que está queimando tudo e matando a Vida.

Há um pedido de socorro, um grito que não quer e não pode se calar, dos humanos sensíveis e conscientes, das comunidades tradicionais, das populações indígenas, da terra, dos animais, das aves, das águas, das plantas, da vegetação nativa, de árvores centenárias. E um clamor para que os povos tradicionais sejam valorizados e apoiados, a fim de continuarem sendo agentes de proteção e cuidado da natureza.

Reivindicamos que as autoridades se empenhem e se mobilizem com a máxima urgência e que seja feita uma investigação séria, responsabilizando e punindo os possíveis culpados com a reparação justa e necessária pelos danos causados. As ações emergenciais são necessárias, mas não bastam; é preciso desenvolver e aplicar políticas públicas sérias de prevenção e de proteção a curto, médio e longo prazo.

A Igreja se une num forte grito pela defesa, promoção e cuidado com a Vida, em todas as suas formas e expressões. É preciso conter e apagar o fogo que vai avançando com poder destruidor, e assim salvar o Pantanal.

" Hoje, a voz da criação incita-nos, alarmada, a regressar ao lugar certo na ordem natural, lembrando-nos que somos parte, não patrões da rede interligada da vida." (Papa Francisco)

Dom Dimas Lara Barbosa
Arcebispo de Campo Grande e Presidente do Regional Oeste 1
Dom Canísio Klaus
Bispo de Sinop e Presidente do Regional Oeste 2
Dom João Aparecido Bergamasco (Bispo de Corumbá)
Dom João Gilberto de Moura (Bispo de Jardim)
Dom Antonino Migliore (Bispo de Coxim)
Dom Jacy Diniz Rocha (Bispo de Cáceres)
Dom José Vieira de Lima (Bispo Emérito de Cáceres)
Dom Juventino Kestering (Bispo de Rondonópolis-Guiratinga)

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