Um estudo desenvolvido na Universidade Regional do Cariri (URCA) acende um alerta sobre os impactos do descarte inadequado de plástico no meio ambiente e a urgência de ampliar a infraestrutura de reciclagem na região do Cariri. A pesquisa aponta o risco do surgimento do chamado plastiglomerado — um tipo de “rocha” formada quando o plástico derretido se funde a materiais naturais como areia, conchas e fragmentos rochosos.
Segundo o geólogo e pós-doutorando Rafael Celestino, em entrevista ao Jornal Alerta Geral, o fenômeno é resultado direto da ação humana, especialmente em áreas com lixões e queimadas irregulares.
Ele destaca que o calor faz o plástico derreter e atuar como um “cimento”, agregando sedimentos naturais. Embora ainda não haja registro oficial desse tipo de formação no Cariri, pesquisadores do Laboratório de Pedologia, Análise Ambiental e Desertificação (LAPEDGEO/URCA) já investigam áreas da região com potencial para o surgimento do problema.
MICROPLÁSTICOS
Além da alteração das paisagens geológicas, o plástico também se fragmenta em microplásticos, que se infiltram no solo, na água e na cadeia alimentar, afetando plantas, animais e seres humanos. Estudos já identificam essas partículas tanto na água de irrigação quanto na água consumida pela população.
Dados globais reforçam a gravidade do cenário: mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente no mundo, e menos de 10% é reciclado. No Brasil, quarto maior produtor de lixo plástico, o índice de reciclagem ainda é limitado, apesar de avanços recentes, especialmente no Nordeste, que registrou crescimento de 16,6% na reciclagem em 2024.
Ceará Agora

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