Com o anúncio do detalhamento do tarifaço do governo americano, o setor produtivo do Ceará começa a se mobilizar para a construção de alternativas, pelo menos emergenciais, junto aos governos estadual e federal. Um dos pontos que estão na mesa de negociação é a liberação de créditos do ICMS aos quais as empresas exportadoras têm direito.
Segundo apuração desta coluna, a proposta é considerada, por alguns setores, principalmente do agronegócio, a principal medida de curto prazo para compensar parte dos prejuízos provocados pelas novas tarifas americanas.
O valor total dos créditos acumulados gira em torno de R$ 2 bilhões, de acordo com fontes do setor. Embora não haja expectativa de liberação integral do montante, os empresários defendem que uma liberação escalonada e previsível já ajudará a dar margem financeira às empresas mais afetadas.
Um dos segmentos mais atingidos no Estado é o do beneficiamento de coco. Uma das empresas do setor estima perdas de até R$ 100 milhões por ano e cogita, inclusive, férias coletivas e cortes.
As perdas na economia cearense são consideradas altas, mesmo que o aço, principal produto da pauta de exportação, tenha ficado de fora da lista. Há perdas no setor calçadista, de pescados e outros produtos do agro como o coco.
Caminhos em negociação
No governo estadual, há o reconhecimento do impacto imediato da tarifaço e de que será necessário um plano emergencial. No início da semana, inclusive, ficou combinada a criação de um grupo de trabalho com o setor produtivo e o governo federal para avaliar medidas.
Uma das medidas prometidas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin, é a prioridade ao setor produtivo cearense de uso de recursos do Fundo de Desenvolvimento da Indústria.
Plano de contingência federal
Além das articulações locais, que podem incluir os créditos do ICMS, o cenário em Brasília também é de atenção.
O governo federal já admitiu que há um plano de contingência em elaboração. Com o anúncio das regras, nesta quarta-feira (30), o governo brasileiro agora tem um norte sobre quais setores serão mais atingidos.
A lista de quase 700 produtos que ficam de fora acabou sendo maior do que o previsto.
Ponto Poder
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