Mais de 445,4 mil pessoas residentes no Ceará vivem em alguma Unidade de Conservação (UCs), o que corresponde a 5% dos quase 8,8 milhões de habitantes do Estado. É o equivalente a dizer que uma a cada 20 pessoas mora nesses territórios. A mais populosa é a Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada do Araripe, com 133,7 mil habitantes. Em segundo lugar, no Ceará, está a APA Serra da Ibiapaba, com 122 mil moradores em território cearense.
Os dados fazem parte do Censo Demográfico de 2022, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, pela primeira vez, nesta sexta-feira (11), o perfil da população residente em Unidades de Conservação (UC) de todo o País.
Entre todos os estados brasileiros, essa é a 8ª maior população vivendo em UCs. Em primeiro lugar está São Paulo, onde mais de 2,4 milhões vivem em unidades de conservação. Em seguida, está o Maranhão, com 1,5 milhão de pessoas em UCs.
Roraima, por sua vez, aparece em último lugar, com 3,2 mil pessoas em UCs, metade das existentes no estado. Rondônia, em seguida, tem cerca de 10,3 mil habitantes em unidades de conservação.
Ao se observar o recorte regional, o Ceará ocupa o 3º lugar entre os estados nordestinos, atrás do Maranhão e da Bahia, onde mais de 1,3 milhão de habitantes vivem em unidades de conservação do estado.
Nesse ranking, Pernambuco aparece logo depois do Ceará, com 317,4 mil pessoas vivendo em UCs. A menor população, no Nordeste, está em Sergipe, onde cerca de 16,2 mil habitantes estão nesses territórios.
Moradores em cada tipo de unidade de conservação
As unidades de conservação são espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes e que foram legalmente instituídos pelo Poder Público com o objetivo de preservar a natureza. Elas seguem um regime especial de administração e são divididas em dois grupos — proteção integral ou uso sustentável — e 12 categorias diferentes, conforme as características da área a ser protegida e os objetivos de conservação.
Assim como no restante do Brasil, a maioria dessas pessoas que vivem em unidades de conservação no Ceará estão em APAs, que são caracterizadas por “atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas”.
Pela legislação, as Áreas de Proteção Ambiental têm como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Ao todo, são 434.428 pessoas vivendo em 23 APAs no Ceará, 97,5% do total de habitantes de UCs do Estado. A segunda categoria mais populosa é o Parque, com 5.117 pessoas, que correspondem a 1,1% do total dessa população e estão distribuídas em sete localidades:
- Parque Estadual do Cocó: 4.172
- Parque Natural Municipal das Dunas da Sabiaguaba: 337
- Parque Nacional de Jericoacoara: 241
- Parque Nacional de Ubajara: 216
- Parque Estadual das Carnaúbas: 133
- Parque Estadual Botânico do Ceará: 17
- Parque Estadual do Cânion Cearense do Rio Poti: 1
As outras 5.980 pessoas, no Ceará, vivem nas seguintes categorias de UCs: Monumento Natural (3.577), Reserva Extrativista (1.815), Estação Ecológica (395), Área de Relevante Interesse Ecológico (123), Floresta (56), Reserva Particular do Patrimônio Natural (9) e Refúgio de Vida Silvestre (5).
Ao utilizar essas informações, o IBGE alerta que pode haver sobreposição territorial entre mais de uma unidade de conservação. Dessa forma, ao somar os subtotais de cada categoria ou de cada unidade territorial, o valor pode ser maior do que o total de pessoas residentes nas UCs localizadas no recorte geográfico de análise.
Por exemplo, todo o território da Floresta Nacional do Araripe-Apodi está dentro da APA Chapada do Araripe, enquanto parte do Parque Estadual das Carnaúbas sobrepõem-se ao espaço da APA Serra da Ibiapaba.
Outra característica das unidades de conservação é a esfera governamental responsável por cada uma delas. No Ceará, a população residente nas UCs está dividida da seguinte forma:
- Federal: 299.052 pessoas (67,1%)
- Estadual: 143.945 pessoas (32,3%)
- Municipal: 2.375 pessoas (0,5%)
- Federal e Estadual: 41 pessoas (0%)
Veja, abaixo, mapa que mostra a população residente nas Unidades de Conservação analisadas pelo IBGE.
Detalhes sobre o Censo 2022
Para coletar informações sobre os residentes em UCs, o IBGE estabeleceu parcerias com diversos órgãos e entidades, como o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O IBGE destaca que retratar o perfil demográfico, social e geográfico das populações residentes nesses territórios tornou-se “uma demanda recorrente dos usuários das estatísticas oficiais, especialmente os órgãos ambientais, as organizações ambientalistas, os pesquisadores, os moradores de Unidades de Conservação”.
Porém, nos últimos anos, esse levantamento estava restrito às pesquisas realizadas durante os processos de definição e delimitação das UCs, com realização pontual, ocasionando dificuldades na comparabilidade dos dados ao longo dos anos.
Segundo o IBGE, com esse novo lançamento, o Instituto pretende oferecer subsídios ao monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com destaque para o ODS 15, que trata da proteção, recuperação e promoção do uso sustentável dos ecossistemas terrestres, além de gerir as florestas de forma sustentável, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
A definição de áreas protegidas se configura como uma das principais estratégias de conservação da biodiversidade, contribuindo para a preservação de ecossistemas naturais, a proteção de espécies ameaçadas de extinção e a promoção do desenvolvimento sustentável e dos direitos de povos e comunidades tradicionais.
No Censo Demográfico de 2022, foram recenseados os moradores em domicílios particulares e coletivos na noite de 31 de julho para 1º de agosto daquele ano. Para a coleta das informações e análises dos resultados em relação às Unidades de Conservação, foram consideradas aquelas que possuíam informações georreferenciadas no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, plataforma oficial de dados do SNUC, em 31 de julho.
Diário do Nordeste
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