Chefe da CGU é convocado para depor na CPI da Covid sobre recursos da União aplicados na pandemia.

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Ministro da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário. Foto: José Cruz.



A CPI da Covid aprovou nesta quinta-feira (10) a convocação do ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União (CGU), para detalhar 53 operações que envolvem recursos federais destinados à pandemia entre março de 2020 e abril de 2021.

Segundo Eduardo Girão (Podemos-CE), que assina o requerimento, o prejuízo apurado até agora é de R$ 39 milhões.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse que o requerimento não estava na pauta na quarta-feira (09) e criticou a votação. Após o anúncio da deliberação, Girão também ponderou que o pedido não estava na pauta, apesar de defender a convocação de Wagner Rosário.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) respondeu que ainda na quarta Girão havia pedido a entrada do requerimento e ressaltou que o ministro pode ajudar a sanar uma dúvida sobre aquisição de vacinas.

“Tem uma dúvida jurídica sobre a medida provisória que foi subscrita pela área jurídica do governo sobre a aquisição de vacinas, mas teve um dispositivo excluído, acreditamos que pelo presidente da República”, disse Randolfe.

Ainda para debater os repasses federais para estados e municípios, a CPI aprovou convites para ouvir o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Zasso Pigatto, e representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Ludhmila Hajjar

Após debate, a CPI desistiu de votar requerimento do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), para que a médica Ludhmila Abrahão Hajjar prestasse depoimento por escrito, por vídeo ou por outra forma que não presencial. Cotada para assumir o Ministério da Saúde após a demissão do general Eduardo Pazuello, Ludhmila acabou recusando o convite do Palácio do Planalto. O cardiologista Marcelo Queiroga assumiu o cargo. Segundo Renan, ela tem sofrido ameaças, e por isso seria importante oferecer alternativas para o seu depoimento.

— Ela está sobressaltada, com medo, ameaçada de morte. Ela é uma testemunha muito importante. É uma maneira de esta comissão parlamentar de inquérito contar com esse depoimento — disse.

Contrário ao depoimento por escrito ou vídeo, Marcos Rogério disse que não cabe ouvir um depoimento dessa forma, “unilateralmente”, sem que outros senadores possam questionar a testemunha.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse não concordar também com esse formato, porque, segundo ele, abriria um precedente. Omar apontou que o relator pode exibir um vídeo com uma declaração dela, mas se a CPI votasse um requerimento para liberar depoimento por escrito ou vídeo, teria que permitir que outros convocados fizessem o mesmo.

— Se ela quiser depor, que venha aqui. Não concordo. A partir do momento em que eu permito alguém gravar vídeo, eu abro precedente. Se o Renan quiser colocar vídeo dela, que coloque — disse Omar Aziz.

Os argumentos dele convenceram Renan Calheiros e outros senadores.

Autor de requerimento para ouvir Ludhmila Hajjar, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) quer saber se o convite do presidente Jair Bolsonaro “pressupunha obediência a diretrizes” como “medidas e drogas contrárias ao consenso científico”. Ele disse que diante das ameaças à vida dela, não cabe aos senadores exigir “coragem” da depoente em comparecer.

— Há que se reconhecer o risco pessoal É muito fácil pedir coragem sentado, no ar condicionado — apontou.

Consórcio Nordeste

A pedido de Humberto Costa (PT/PE), foram retirados da pauta requerimentos que pedem a convocação do secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Eduardo Gabas. O consórcio é um grupo de governos de estados nordestinos que negocia a compra de equipamentos, insumos e vacinas contra a Covid-19.

O comparecimento de Gabas à CPI é um pedido dos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Ciro Nogueira (PP/PI) e Marcos Rogério. Eles apontam que, no ano passado, o Consórcio Nordeste fez uma compra de ventiladores clínicos que é contestada por autoridades policiais.

O contrato foi orçado em R$ 48 milhões e previa a entrega de 300 ventiladores, que nunca foram efetivamente repassados à rede pública. A Polícia Civil da Bahia deflagrou a Operação Ragnarok, que levou à prisão dos donos da empresa Hempcare, que vendeu e não entregou os produtos.

Segundo Humberto Costa, os recursos investidos não são federais e, portanto, fogem do escopo da CPI:

“Não são recursos federais decorrentes de transferências voluntárias. São recursos dos próprios estados, que não estão sob a alçada desta investigação”, pontou.

Eduardo Girão defendeu o requerimento e afirmou que as investigações estão federalizadas, pois estariam no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Fonte: Agência Senado.

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