Profissionais da educação pública estão preocupados com as condições de retorno presencial

 















A presidente da Undime-CE, Luiza Aurélia Teixeira, relembra que o decreto estadual é autorizativo, não obrigatório (Foto: reprodução/Youtube)


Os profissionais da educação pública do Ceará foram "pegos de surpresa" pelo Decreto nº 34.043, de 24 de abril, que autoriza o retorno presencial do ensino fundamental com 40% de capacidade para escolas privadas e públicas. "Nós acreditávamos que seria um novo faseamento (de reabertura)", explica a presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Ceará (Undime-CE), Luiza Aurélia Teixeira.

De acordo com ela, a expansão da autorização para todo o ensino fundamental, com ampliação do limite de capacidade, exige articulação antecipada com os municípios e com o secretário de Saúde do Ceará, dr. Cabeto. "A maioria dos secretários tem receio de retornar, porque a educação mobiliza muitas pessoas", reforça. Por dia, calcula, podem se deslocar cerca de três mil pessoas em função do funcionamento das escolas, entre pais, alunos, professores e demais funcionários.

A presidente relembra que o decreto estadual é autorizativo, não obrigatório. Por isso, essa semana deve ser de avaliação, junto aos municípios, para entender onde e de que forma se dará o retorno seguro. "Considerando também o socioemocional de alunos e professores, com diálogo com os sindicatos", afirma Luiza Aurélia.

Em nota publicada nas redes sociais, a Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) pediu para o governador Camilo Santana (PT) revogar o decreto - repudiado pela federação. "Não houve nenhum investimento nas escolas públicas municipais que garantam uma estrutura de segurança sanitária e o ritmo das vacinações em todo o País segue de forma lenta", justifica a entidade.

A Fetamce também pede que o Governo do Ceará mantenha a garantia do recebimento de cesta de alimentação escolar, além da entrega dos tablets e internet para os estudantes e professores, a fim de manter o modelo remoto de ensino de maneira minimamente acessível. Eles também reforçam a importância do auxílio emergencial de R$600, como o de 2020, e pedem vacinação em massa.

Igualmente, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute) defende que sem a vacinação não é possível retornar às aulas presenciais. "Enquanto isso não acontece, precisamos continuar em segurança, oferecendo ensino remoto e ajudando pais e estudantes", escreveu a presidente do Sindiute, Ana Cristina Guilherme, em artigo publicado no dia 21 de abril no O POVO Mais.

Já a Associação de Pais e Alunos da Escola Pública no Ceará (Apaespu-CE) destaca que é obrigação do Estado preparar as escolas para receber os alunos. O presidente da associação, Eliu Bento, afirma que o retorno às aulas presenciais é recebido com "grande prazer" pelos pais e que o ensino remoto não é eficaz. Segundo ele, as comunidades não têm recebido tablets ou chips, como prometido pelo governo, e o conteúdo das cestas básicas é insuficiente. Mesmo assim, o presidente da Apaespu-CE reforça que as prioridades da vacinação deveriam ser saúde e educação.

"O que nos amedronta é saber se o nossos sistema público vai poder receber essa demanda", comenta a presidente da Undime-CE. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Ceará está em 92,78%, segundo dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), atualizados às 20h4min de ontem, 25 

                                              o Povo 

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