Águia de Ouro sagra-se campeã do Carnaval de São Paulo

Águia de Ouro sagrou-se campeã do Grupo Especial do Desfile das Escolas de Samba do Carnaval de São Paulo. A apuração que laureou a escola teve início por volta de 16h desta terça-feira, 25, e foi lotada de emoção – onde cada décimo valia muito. A escola só assumiu a ponta da classificação geral no penúltimo quesito, ‘Alegoria’, depois de a Acadêmicos do Tatuapé liderar por boa parte da apuração. O samba-enredo da escola, O Poder do Saber, abordou a importância da inovação e da sabedoria – sem deixar de alfinetar o governo de Jair Bolsonaro.

“Não se pode falar de educação sem amor”, como cantou a agremiação, é uma das frases mais conhecidas do educador Paulo Freire, já atacado pelo presidente. Entre outras referências, a Águia de Ouro relembrou Geraldo Vandré, autor de Pra não dizer que não falei das flores, uma das músicas-hino contra a ditadura militar: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, cantou a escola.

A escola fez um panorama histórico sobre a evolução do homem e grandes invenções com o samba-enredo, passando desde a pré-história até a esperança em tecnologias digitais e robóticas – e pregando um futuro ecológico e próspero, apesar das dificuldades. Os retrocessos vindos, digamos, de novas tecnologias também foram lembrados pela agremiação, que reservou um espaço para a lembrança de guerras, como a referência aos ataques a Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial em uma das alegorias. A musa Tati Minerato liderou o desfile, depois de uma vida dedicada a outra escola, a Gaviões da Fiel.

A apuração foi acompanhada décimo por décimo pelos integrantes das escolas. Liderando até o quesito ‘Alegoria’, a Tatuapé foi seguida por um décimo pela Dragões da Real, Mocidade Alegre, Águia de Ouro, Unidos de Vila Maria, Barroca Zona Sul e Rosas de Ouro e pela Mancha Verde durante boa parte do anúncio dos votos – enquanto os carnavalescos roíam as unhas. No penúltimo quesito, ela foi ultrapassada por Águia, Mancha e Mocidade, para desespero da multidão que ocupava a quadra da escola, na Zona Sul de São Paulo, e acabou em quarto lugar ao final da apuração.
Um dos jurados, que avaliaria o quesito ‘Alegoria’, foi desclassificado e suas notas não foram consideradas na apuração. Marco Antônio Nieves Cardoso foi flagrado pelas câmeras dançando no desfile da Acadêmicos da Tatuapé na sexta-feira, 21. 

O jurado pode ser acionado juridicamente pelo ato. “Não será lida a nota de alegoria do mesmo [Marco Antônio] por ter transcorrido o mau comportamento dentro da sua cabine”, afirmou o presidente da Liga das Escolas de Samba, Paulo Sérgio Ferreira, o Serginho. Apenas três jurados deram suas notas no quesito.


A X-9 Paulistana já entrou desfalcada na apuração, e perdeu 0,5 ponto na classificação final. Durante o desfile da escola, ocorrido na primeira noite de desfiles, quando encerrou os cortejos, duas partes de um dos carros alegóricos se soltaram – e um dos pedaços ficou parado na avenida. a escola perdeu três décimos pela quebra do regulamento – porque duas plataformas formavam um carro só – e dois décimos pelo veículo. A escola ficou em décimo-terceiro lugar e foi desclassificada do Grupo Especial para o próximo Carnaval.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), esteve no Anhembi. Ele foi saudado pelo presidente da Liga antes do anúncio das notas e sentou-se ao lado de Serginho para a apuração. Ele, que está tratando um câncer, não compareceu aos desfiles por decisão médica.

As urnas que abarcaram os votos dos jurados saíram escoltadas do Batalhão de Choque da Polícia Militar paulista e chegaram sob forte esquema de segurança ao Anhembi, para evitar fraudes nas votações.


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